Carregar lata d´água
na cabeça virou um exercício diário em Paraibano para crianças, idosos e donas
de casas.
Todos os dias as pessoas
se deslocam de suas residências rumo ao posto São Francisco, Bairro Maia e
outras localidades, locais onde as torneiras ainda jorram água graças a algumas
cisternas. “Minha cabeça dói de tanto carregar água todo dia, minhas pernas
doem de caminhar indo buscar água várias vezes. Não tem água pra fazer comida,
lavar ou tomar banho. Estou cansada”, desabafou Maria de Lourdes em contato
com o titular deste Blog.
Quem dispõe de
certa quantia de dinheiro compra água. Virou comércio a venda de água enquanto
a Cagepa não resolve o problema. Segundo um dos vendedores de água 1000 litros
custa R$ 20,00.
Também quem tem
passado por maus momentos são os funcionários da Cagepa que são xingados quando
se dirigem às residências para entregar o boleto da conta de água.
“Bando de ladrão, vai tomar no c”“…” Ninguém
quer talão, queremos é água”. Revoltados com a situação, o povo rasga o
talão de água na nossa frente, conta um funcionário da Cagepa.
Enquanto a Cagepa
não resolve o problema, o martírio com a lata d´água na cabeça continua, isto
é, se não morrer de sede no caminho em busca de água.
Sessenta anos atrás, no carnaval do Rio,
o povo cantava a falta d’água. Lá ia Maria que, “lata d’água na cabeça, sobe o
morro e não se cansa, pela mão leva a criança", Maria que lutava pelo pão
de cada dia e sonhava com a vida do asfalto que acaba onde o morro principia.
Hoje, às voltas com a mesma lata d’água, não sei se ela sonha com a vida do
asfalto já que, mais de meio século depois, no asfalto também falta água.
Sensação de tempo circular, de eterno retorno. Pura sensação. Tudo mudou.
Não adianta mais cantar, como nos carnavais de outrora, "Tomara que chova três dias sem parar". O cerne da questão é que não estamos como poderia parecer, voltando ao passado. Estamos chegando ao futuro. Apertem os cintos para aterrissar na real. Água será um bem cada vez mais raro no mundo.
Não adianta mais cantar, como nos carnavais de outrora, "Tomara que chova três dias sem parar". O cerne da questão é que não estamos como poderia parecer, voltando ao passado. Estamos chegando ao futuro. Apertem os cintos para aterrissar na real. Água será um bem cada vez mais raro no mundo.