Os manifestantes usavam roupas pretas e carregavam sombrinhas, por conta do sol forte, enquanto cruzavam a avenida. Eles também seguravam faixas e cartazes apoiando o piso salarial da enfermagem.
"Ontem éramos heróis e hoje somos vilões" e "cancelar a suspensão do piso já" eram algumas das frases que podiam ser lidas nos cartazes. Nos carros de som, discursos sobre a atuação dos profissionais durante a pandemia e pedidos por melhores condições eram proferidos pelos manifestantes.
No dia 9 de setembro, enfermeiros e técnicos de enfermagem também realizaram um protesto na capital pernambucana para pedir o pagamento do piso.
O Fórum Nacional da Enfermagem convocou uma paralisação para esta quarta. A Secretaria de Saúde do Recife afirmou, em nota, que "a paralisação nacional realizada nesta terça-feira (21) foi aderida por parte dos técnicos, auxiliares e enfermeiros" no município e que "a maioria dos serviços foi diretamente afetada e está funcionando de forma parcial".
No entanto, não foram especificados que serviços foram atingidos, nem os percentuais de adesão ao movimento.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que nenhum atendimento de urgência e emergência foi suspenso e que as unidades de saúde "estão garantindo a assistência dos pacientes acompanhados em setores de terapia intensiva e realizando os procedimentos cirúrgicos".
A SES não divulgou se há serviços afetados, mas disse que está trabalhando para garantir "80% do efetivo nos atendimentos de emergência, englobando serviços de terapia intensiva e centro cirúrgico; bancos de sangue, leitos de retaguarda das UPAS, hemodiálise, pronto socorro, maternidades e assistência a pacientes internados com risco de agravamento de seu estado de saúde, como também 50% nos demais setores de assistência e administrativo".
Suspensão do pisoNo dia 4 de setembro, o ministro do STF Luís Roberto Barroso suspendeu a lei do piso salarial da enfermagem. Na decisão, o magistrado avaliou que há risco concreto de piora na prestação do serviço de saúde, principalmente nos hospitais públicos, Santas Casas e hospitais ligados ao SUS com a norma.
A ação foi movida pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos de Serviços (CNSaúde), que contestou a validade da medida. Para a confederação, a fixação de um salário-base para a categoria terá impactos nas contas de unidades de saúde particulares pelo país e nas contas públicas de estados e municípios.
Após a decisão individual de Barroso, o tema foi levado ao plenário virtual do STF. O julgamento no plenário virtual se encerrou na noite de 15 de setembro, com sete votos a favor e quatro contra. Com isso, a lei fica suspensa até que sejam analisados os impactos da medida na qualidade dos serviços de saúde e no orçamento de municípios e estados.
Imagens: Cosmo Queiroz