Por ocasião do “6° Dia Mundial dos Pobres”, celebrado neste domingo(13) o papa Francisco fez um alerta contra “os profetas da desgraça” e o encantamento pelas “sereias do populismo”.
O Pontífice denunciou ainda a “pobreza que mata”, imposta por uma lógica centrada no “lucro”.
“Fazemos nosso o forte e claro convite do Evangelho para ‘não sermos enganados’. Não ouvimos os profetas da desgraça; não nos deixemos encantar pelas sereias do populismo, que explora as necessidades do povo propondo soluções demasiado fáceis e precipitadas”, apelou o religioso.
Francisco pediu para os fiéis não seguirem “os falsos ‘messias’ que, em nome do ganho, proclamam receitas que servem apenas para aumentar a riqueza de poucos, condenando os pobres à marginalização”.
Segundo ele, “quando a única lei passa a ser o cálculo do lucro no fim do dia, deixa de haver qualquer travão à adoção da lógica da exploração das pessoas: os outros não passam de meios”.
Desta forma, “deixa de haver salário justo, horário justo de trabalho e criam-se novas formas de escravidão, sofridas por pessoas que, sem alternativa, têm de aceitar esta injustiça venenosa, a fim de ganhar o sustento mínimo”.
O 6° Dia Mundial dos Pobres é celebrado anualmente no penúltimo domingo do ano litúrgico. Neste ano, ocorre sob o tema “Jesus Cristo fez-Se pobre por vós”.
“A pobreza que mata é a miséria, filha da injustiça, da exploração, da violência e da iníqua distribuição dos recursos.
É a pobreza desesperada, sem futuro, porque é imposta pela cultura do descarte que não oferece perspectivas nem vias de saída”, alertou o argentino.
De acordo com Jorge Bergoglio, a miséria “constringe à condição de extrema indigência” e “afeta também a dimensão espiritual”.
“Encontrar os pobres permite acabar com tantas ansiedades e medos inconsistentes, para atracar àquilo que verdadeiramente importa na vida e que ninguém nos pode roubar: o amor verdadeiro e gratuito. Na realidade, os pobres, antes de ser objeto da nossa esmola, são sujeitos que ajudam a libertar-nos das armadilhas da inquietação e da superficialidade”, defendeu.
Além disso, o Papa reforça que, no combate à pobreza, é preciso superar as “retóricas” para “arregaçar as mangas e pôr em prática a fé através de um envolvimento direto, que não pode ser delegado a ninguém”.
A mensagem alerta também para “comportamentos incoerentes” dos cristãos, devido a um “apego excessivo ao dinheiro” e reflete sobre o estilo de vida e as “inúmeras pobrezas” do mundo contemporâneo.
“Sabemos que o problema não está no dinheiro em si, pois faz parte da vida diária das pessoas e das relações sociais. Devemos refletir, sim, sobre o valor que o dinheiro tem para nós: não pode tornar-se um absoluto, como se fosse o objetivo principal”, ressalta.
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