A terra de ‘cabra macho’ se abre para juventude LGBTQIA+ em ST

Em terra de cabra macho tem espaço para a juventude TRANSviada? Mesmo que não tenha, sempre encontramos um jeito de sobreviver. Entre pedradas, cuspidas e armas apontadas, facadas dadas, sobrevivemos. Ser Lésbica, Gay, Bissexual, Transexual, Travesti, Queer, Intersexo, Assexual, Pansexual ou Não-binário não é fácil no Brasil. E mais, no Sertão de Pernambuco, que o machismo, o patriarcado e o padrão heteronormativo de existir era prerrogativa para ser nordestino arretado. Sobrevivemos.

É mana, ‘não é só clouse, é luta’. Conheci ainda jovenzinho um rapaz que chamo até hoje de Marquinhos. Kinho Costa, Marcos Antônio de Lima Costa, Karen Lima. Por qualquer um dos nomes ele atende, ou ela. Que diferença faz o gênero, quando a liberdade nos possibilita viver, comer, trabalhar, estudar e existir sendo quem somos. Povo LGBT é um povo animado. Não gostamos de festa, nós somos e fazemos a festa.

Kinho na dança é sem igual. Karen foi a primeira dama queer de Serra Talhada há 10 anos atrás, no tempo que a sigla era menor e o preconceito muito maior. Duvidaram que pudesse ser dama na Quadrilha, que pudesse ser Lampião do São João. O receio da rejeição atrasou um pouco o destino, mas em 2018 Karen reinou. Foi noiva, foi a Dama da Corte da Junina Sem Limite. A noite rememorou a história negra do Brasil, Chica da Silva brilhou e foi a premiada em Afogados, a primeira e única até hoje.

“A Junina Sem Limite já me convidou com essa intenção, de que a noiva daquele ano fosse uma pessoa preta. E uma pessoa preta e LGBT. Contamos a história de Chica da Silva, A Dama do Brasil, no tempo da escravidão. Foi um marco na minha carreira como artista e eu me orgulho muito de ter sido premiada em um concurso de quadrilhas em Afogados da Ingazeira. A primeira noiva queer, um menino montado, premiado e até hoje fui o único”, comentou Kinho.