O projeto Mãe da Águas – do Agreste ao Sertão chega a três cidades do interior de Pernambuco, para celebrar a cultura e religiões afro-brasileiras. O projeto é realizado em duas partes: no primeiro dia, acontece a oficina Do Toque ao Passo e no segundo dia, a apresentação do espetáculo Rainha das Águas, Mãe do Mar, ambos realizados pelo Grupo de Matrizes Africanas Obá Ayiê.
O grupo surgiu em 2015 a partir de ações desenvolvidas com crianças, jovens e adultos de comunidades periféricas da cidade de Arcoverde. Segundo o diretor artístico do projeto, Walderlan Baltazar, o impulso para a montagem do espetáculo surge a partir de um episódio de racismo sofrido por uma das dançarinas na escola em que estuda, por conta do cabelo crespo.
No entanto, a motivação para a montagem foi mesmo “ ̈a intolerância religiosa que sofremos todos os dias, por conta da nossa fé, da nossa musicalidade. Eu sempre quis montar um espetáculo contando a história dos orixás, para mostrar o quanto é linda a religiosidade de matrizes africanas nas casas de axé, ao contrário do que o povo pensa. É transformador, os olhos brilham, e eu queria mostrar isso ao público”, conta Walderlan.
No segundo semestre de 2023, o espetáculo passou por 3 cidades, Caruaru, Araripina e Pesqueira, e em janeiro de 2024 segue para outras três: nos dias 06 e 07 em Belo Jardim , 12 e 13 em Salgueiro e 19 e 20 em Serra Talhada, respectivamente.
As oficinas ‘Do Toque ao Passo’ são facilitadas por José Almir dos Santos, conhecido como Babalorixá Pai Almir, professor de dança há mais de 30 anos e bailarino, figurinista e cenógrafo no espetáculo e por Walderlan Alves Freitas. Baltazar, conhecido como Wal do Maracatu, mestre do maracatu Raízes do Sertão (Arcoverde), arte-educador em projetos sociais, coordenador e diretor de eventos culturais, luthier e presidente da Associação Cultural Raízes do Sertão.
A cada oficina, os facilitadores apresentam elementos da cultura e das religiões afro-brasileiras para que os alunos selecionados compreendam e executem os diálogos que se estabelecem entre música e movimento de cada orixá. Serão 15 selecionados em cada oficina.
No segundo dia de cada cidade, acontece o espetáculo Rainha das Águas, Mãe do Mar. O espetáculo é híbrido entre música e dança e traz elementos do Candomblé e do Afoxé para retratar a relação de Iemanjá, Mãe de todos os Orixás, com seus filhos: Exu, Ogum, Oxóssi, Xangô, Omolu, Oya e Oxum. É composto por 10 artistas, entre Ogãs (músicos) e bailarinos. Tanto a oficina quanto o espetáculo contarão com intérpretes de libras.
O espetáculo teve sua estreia em junho de 2019 e desde então encontrou muita receptividade do público, já que a linguagem do espetáculo proporciona encantamento, delicadeza e sobretudo conhecimento. Na primeira edição do projeto Mãe das Águas o grupo passou por quatro cidades: Triunfo, Ouricuri, Floresta e Petrolina, contribuindo no importante processo de fim da estigmatização de manifestações artísticas, culturais e religiosas afro-brasileiras nos territórios.
As apresentações e oficinas do projeto vêm acontecendo prioritariamente em terreiros, espaços de cultura popular e sedes de grupos que vivenciam a cultura afro-brasileira em cada uma das cidades. As atividades são sempre gratuitas, visando alcançar um público diverso, inclusive de pessoas que não costumam frequentar as sedes, para aproximá-las das manifestações de tradição.
Da assessoria