“É com enorme pesar que informamos o falecimento de nosso eterno tetracampeão mundial Mario Jorge Lobo Zagallo. Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas. Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa”, diz o comunicado.
Recordista em conquistas de Copas do Mundo com quatro títulos, o Velho Lobo começou a carreira no futebol como jogador. Em 1948, estreou pelo América-RJ e ficou no clube durante um ano. Após a conquista da Copa Início, se transferiu para o Flamengo, onde ficou oito anos e conquistou três Campeonatos Cariocas.
Com as boas atuações no Rubro-Negro, em 1958 foi para o Botafogo. Na ponta esquerda, o camisa 13 que é considerado um dos precursores do contra-ataque, fez parte do supertime da Estrela Solitária, formado por Garrincha, Nilton Santos e Didi.
Campeão estadual, o quarteto foi convocado para a Copa do Mundo daquele ano. Na Suécia, a seleção brasileira conquistou o inédito título mundial. Titular, Zagallo inclusive fez gol na decisão, contra os donos da casa. Na final, a Canarinho venceu por 5 a 2.
Quatro anos depois, Zagallo se juntou novamente a delegação da seleção e embarcou rumo ao Chile, para jogar segunda Copa do Mundo da carreria.
Com shows de Pelé e Garrincha, o esquadrão brasileiro foi bicampeão mundial, dando ao Formiguinha a segunda e última Copa como atleta.
Como jogador, Zagallo inovou e foi o primeiro ponta que voltava para ajudar a marcação no meio campo. Pela versatilidade, acabou roubando a vaga de Pepe, ídolo santista da época. A seleção que era treinada por Aymoré Moreira jogava no 4-3-3, esquema que é muito usado por clubes europeus até os dias de hoje.
Com 34 anos, Zagallo decidiu se aposentar da carreira de atleta. A partir daí ficou no próprio Botafogo, seu último clube, para ser técnico das categorias de base. Meses depois assumiu o elenco principal, em que acabou com o título da Taça Brasil, equivalente ao Campeonato Brasileiro da época.
Com um trabalho sólido no Fogão, foi convocado para assumir a seleção brasileira para disputa da Copa de 1970, após a demissão de João Saldanha, que havia classificado a equipe para o Mundial, mas não vinha fazendo boa campanha durante a preparação. Considerado o melhor time que já se viu no futebol, a seleção canarinho de 70 encantou o mundo e conquistou o tri mundial sob a batuta de Zagallo.
Ficando na seleção até a Copa de 1974, quando perdeu na semifinal para Holanda, o Velho Lobo rumou para o Fluminense e depois Vasco da Gama. Além dos quatro grandes do Rio, Zagallo também treinou a Portuguesa, Bangu e Al-Hilal, da Arábia Saudita.
De 1974 a 1991, Zagallo ficou de fora do Brasil e teve experiências na seleção do Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Pela Arábia Saudita, inclusive, foi campeão da Copa da Ásia.
No meio do ano de 1991 voltou à seleção, mas dessa vez como coordenador. Antes da Copa de 1994, entretanto, se tornou auxiliar-técnico de Carlos Alberto Parreira, e conquistou seu quarto Mundial entre seleções.
Em 1998, reassumiu o cargo de técnico para tentar sua última empreitada como comandante. Mas ficou no quase, amargando o vice-campeonato após uma goleada por 3 a 0 contra França. Seu último trabalho no meio do futebol foi em 2003, quando, em seu último ciclo pré-copa foi novamente coordenador de seleções.
Já bastante debilitado, Zagallo visitou a concentração da seleção brasileira durante o período de preparação da Copa do Mundo de 2018. Desde então, recluso em casa, sob o cuidado da família, suas aparições foram cada vez mais raras. (R7)