Esta não é a primeira acusação de delitos do tipo para o suspeito. Em 2021, ele chegou a responder pelo crime de estupro de vulnerável quando era diácono de uma igreja evangélica. À época, ele liderava um grupo de jovens e teria violentado dois adolescentes de 10 e 12 anos. Ao todo, a corporação aponta seis vítimas para o homem, incluindo o próprio enteado, de 10 anos.
A prisão do homem veio após a própria companheira denunciá-lo por supostos abusos contra o seu filho e enteado do suspeito. Questionado, o garoto confirmou.
No terreiro, moravam aproximadamente 15 pessoas, com alguns jovens e duas crianças. Segundo a polícia, elas tinham "dificuldades com pais", mas residem lá por "livre e espontânea vontade" e com autorização dos pais, que confiavam no líder espiritual. Lá, quatro jovens teriam sido abusadas, de cinco, 16 e 17 anos, além do enteado.
De acordo com a corporação, o suspeito se utilizava da religião para conseguir abusá-las. "As meninas de 16 e 17 anos procuraram a polícia para denunciar que, durante banhos em rituais religiosos, elas eram tocadas pelo líder espiritual. Elas nos contaram que ele dizia que baixava uma entidade antes desses banhos e as levava por conta disso. Elas também nos disseram que tinham medo dessa entidade", relatou o delegado Geraldo da Costa, da Delegacia Especializada da Criança e Adolescente (Decca).
Os relatos, de acordo com a polícia, apenas pioram. Em conversa com a criança de cinco anos, ela relatou que sonhou que era tocada pelo homem. "Esse detalhe vai ser investigado porque ela é uma criança. Falar em sonhos tão específicos é algo que a gente tem que dar atenção", explicou o delegado. "O suspeito também via vídeos pornográficos com essa criança. Quando a mãe o questionou sobre isso, nos foi relatado que o suspeito disse ter 'baixado' outra entidade e contado para ela que a criança tinha um distúrbio sexual e que ela deveria dar uma surra na criança. A mãe fez isso e, agora, também está sendo investigada por maus tratos", completou.
Quando notou que alguns adolescentes estavam evadindo o terreiro, ele mandou que todos fossem embora, então a polícia encontrou o local vazio.
Ao ser preso, o suspeito afirmou que as denúncias teriam sido forjadas. Segundo a polícia, ele é uma pessoa calma e eloquente. A investigação segue para ver se foram feitas mais vítimas.